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Taxação de bets e fintechs pode ‘bancar’ despesa obrigatória do seguro rural

Proposta prevê usar projeção de arrecadação adicional com esses segmentos para demonstrar que há espaço or ...



Geral
November 19, 2025

Por Globo Rural
taxacao-de-bets-e-fintechs-pode-bancar-despesa-obrigatoria-do-seguro-rural Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro

A recorrente falta de orçamento para a subvenção do seguro rural no país tem levado parlamentares ligados ao agro, setor produtivo e indústria de seguros a articulações para garantir a disponibilidade de recursos e a obrigatoriedade de aplicação dessa verba pelo governo federal.

Uma das propostas em discussão para dar mais previsibilidade ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) é usar a projeção de arrecadação adicional com a exploração do petróleo ou da taxação de bets e fintechs, a partir de 2026, para demonstrar que há espaço orçamentário para a proteção das lavouras, segundo fontes do mercado segurador e técnicos que acompanham discussões no Congresso Nacional.

Projeto de lei da autoria da senadora Tereza Cristina (PP-MS) sobre o seguro rural prevê tornar os recursos destinados ao PSR despesa obrigatória no Orçamento Federal. Para isso, a proposta do PL 2.951/2024 precisa mostrar qual é a estimativa de impacto orçamentário e quais serão as medidas de compensação, como as fontes dos recursos, para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A definição desse item dependerá de uma articulação fina com a área econômica. Os ministérios da Fazenda e do Planejamento resistem a tornar a verba uma despesa obrigatória, pois a medida pode “engessar” ainda mais o orçamento federal, que já tem mais de 90% dos recursos nessa modalidade.

Na lista de opções para demonstrar o espaço orçamentário estão fontes do projeto de lei 458/2021, da revisão de gastos, que recuperou parte da Medida Provisória 1.303/2025, que determinava alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O texto prevê cerca de R$ 25 bilhões entre redução de despesas e aumento de arrecadação já em 2026. Aprovado na Câmara, aguarda aval do Senado.

Outra alternativa é usar recursos do novo marco do setor elétrico (MP 1.304/2024), aprovado pelo Congresso e que aguarda sanção presidencial. O texto do senador Eduardo Braga (MDB-AM) alterou o preço de referência do petróleo e poderá gerar arrecadação extra de R$ 8 bilhões por ano, segundo estimativas. Parte disso poderia bancar a despesa obrigatória do PSR.

Há também conversas para apontar os recursos da arrecadação extra com aumento dos impostos sobre as bets e fintechs prevista em projeto de lei do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Há dúvidas, no entanto, sobre a viabilidade de incluir fontes de propostas ainda não sancionadas.

A indicação da origem de recursos para compensação financeira não obriga que o dinheiro obtido com a arrecadação daquela fonte seja aplicado no seguro rural. O artigo 17 da LRF exige a demonstração, sem essa vinculação direta da nova receita. A exigência é que fique comprovada a existência de valores suficientes para bancar a despesa obrigatória, sem afetar o equilíbrio fiscal. A compensação pode ser feita com a redução de outros gastos.

No Ministério da Agricultura, a proposta é vincular parte do orçamento destinado ao Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), espécie de seguro rural público gerido pelo Banco Central, cuja verba já é uma despesa obrigatória, para o PSR. Para 2026, a previsão é que o Proagro tenha R$ 6,6 bilhões contra R$ 1,09 bilhão do PSR.

A decisão deverá ser tomada em breve para a votação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. O parecer do senador Jayme Campos (União-MT) será alterado para incluir a fonte de compensação. Se aprovado lá, o projeto terá que ser avaliado pela Câmara dos Deputados.

Previsibilidade

Previsibilidade é a palavra de ordem para as empresas que atuam com seguro rural, enfatizou o diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Esteves Colnago. “O projeto pode ser uma virada de página”, disse à reportagem.

Com os extremos climáticos e a maior recorrência desses eventos no campo, a agropecuária acumula perdas de R$ 420,1 bilhões nos últimos dez anos, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Desde 2015, as companhias de seguro já pagaram quase R$ 40 bilhões em indenizações a produtores rurais. Em 2025, apenas 3% da área cultivada deverá ter seguro com subvenção. São 2,2 milhões de hectares até o momento.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defende transformar o orçamento do seguro em despesa obrigatória. Na semana passada, ele disse que já há definição da fonte dos recursos, mas não informou qual. A oficialização da proposta, a ser incluída no projeto do Senado, dependeria apenas do aval do presidente Lula.

A medida pretende evitar cenários como o atual, em que mais de um terço dos valores iniciais do orçamento de 2025, de R$ 1,06 bilhão, foram bloqueados sem perspectivas de liberação até o fim do ano, o que gera menos acesso à política no campo e um desarranjo no planejamento das seguradoras.

A despesa prevista para o PSR em 2026, de R$ 1,09 bilhão, corresponde a 0,4% das despesas discricionárias, que podem ser alvo de cortes. Consultado, o Ministério da Fazenda não quis comentar. O Ministério do Planejamento não retornou. Fontes afirmam que ainda será necessário “evoluir mais um pouco” na articulação com a equipe econômica, mas que a proposta em discussão “não fica no vazio” e há recurso para “sustentá-la”.

A declaração de Fávaro e as mudanças defendidas por ele, no entanto, podem atrasar a análise do projeto no Senado.

A reportagem apurou que a Fazenda tem outras ressalvas que precisam ser solucionadas para levar o texto à votação. Uma delas é quanto à tributação das operações de seguro rural. Atualmente, elas são isentas, mas um decreto em vigor prevê a taxação a partir da implementação do Fundo Catástrofe, que é viabilizada pelo projeto de lei. Permanecem abertas as discussões sobre a fonte de compensação do aporte da União nesse fundo.

Fontes que acompanham o assunto já dão como certa a tributação das operações do seguro rural. A Fazenda também quer abrir espaço para atuação de empresa pública ou agente financeiro oficial no comitê gestor do fundo. A indicação seria da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF). As seguradoras são contra. (Colaboraram Gabriela Guido e Caetano Tonet, de Brasília)





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