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Roubo na Biblioteca Mário de Andrade reacende debate sobre seguro de arte e práticas de segurança em exposições

O episódio deve alterar exigências de segurança no setor cultural brasileiro?



Geral
December 9, 2025

Por Sonho Seguro
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O roubo das gravuras de Matisse e Portinari na Biblioteca Mário de Andrade, no último domingo (7), trouxe à tona um tema pouco discutido fora do meio especializado: como funciona o seguro de obras de arte em exposições temporárias e qual é o papel das corretoras e seguradoras na proteção de acervos culturais. O caso, que mobilizou a Polícia Civil, reforça a importância dos mecanismos de transferência de risco e das exigências técnicas de segurança aplicadas pelo mercado segurador.

Embora normas de confidencialidade impeçam a divulgação de detalhes contratuais, o corretor de resseguro Ricardo Minc, da Howden Brasil, explica ao Sonho Seguro os princípios gerais que regem esse tipo de seguro – desde a avaliação técnica do acervo até a rotina de atuação em sinistros de grande relevância. Ele afirma que, apesar de envolver valores culturais e financeiros expressivos, o seguro de arte é historicamente um dos ramos mais acessíveis em termos de custo, o que torna a contratação ainda mais necessária diante do aumento de vulnerabilidades.

Quais critérios costumam ser priorizados ao estruturar a apólice de uma mostra?

“De forma geral, quando uma corretora especializada em arte atua na análise técnica de uma exposição, os critérios prioritários costumam incluir: a valoração adequada das obras, a definição de um escopo de cobertura compatível com riscos de roubo, furto e danos acidentais, a avaliação das condições de transporte, montagem e desmontagem, e o atendimento aos requisitos mínimos de segurança previstos pelas seguradoras e pelas melhores práticas internacionais. Esses elementos são fundamentais para que a apólice reflita tanto o valor cultural das obras quanto as particularidades operacionais da mostra.”

Por que algumas instituições seguram apenas parte das obras expostas?

“A prática do mercado — no Brasil e no exterior — é que todas as peças expostas ao público sejam seguradas, mesmo quando pertencem ao próprio acervo da instituição. Muitos museus não dispõem de orçamento para manter seguro integral e permanente de todo o acervo e, por isso, adotam políticas de risco diferenciadas: quando as obras estão na reserva técnica, sob condições controladas e segurança reforçada, o risco é reduzido; porém, quando entram em exposição ao público, o risco aumenta significativamente, tornando necessária a contratação do seguro específico para aquele período. É importante reforçar que a cobertura não se limita a roubo: danos acidentais são uma das principais causas de sinistro em museus.”

Após um sinistro como o roubo ocorrido em São Paulo, qual é o protocolo de atuação da corretora?

“Em eventos dessa gravidade, as corretoras especializadas seguem um protocolo técnico bem estabelecido. As etapas incluem: formalização do sinistro junto à seguradora, organização da documentação necessária, acompanhamento da nomeação de peritos especializados e orientação contínua à instituição e aos proprietários das obras. As obras roubadas são tratadas como perda total para fins de indenização. Já as peças danificadas passam por avaliação técnica para determinar possibilidade de restauro, custos de conservação e eventual depreciação residual — que também pode ser objeto de indenização.”

O episódio deve alterar exigências de segurança no setor cultural brasileiro?

“Casos como este naturalmente levam o setor cultural a reavaliar práticas de gestão de risco e protocolos de segurança. O mercado segurador já utiliza critérios rigorosos para análise de risco em museus, mas eventos dessa natureza normalmente estimulam o aprimoramento de controles de acesso, redundâncias operacionais, tecnologias de vigilância e requisitos mínimos de prevenção. Um ponto importante, que muitas vezes é desconhecido pelo público, é que o seguro de obras de arte está entre as linhas de seguro com menor taxa de prêmio dentro da indústria seguradora. Ou seja, o custo não deveria ser um obstáculo para instituições culturais adotarem políticas adequadas de proteção e transferência de risco.”





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