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Insurtechs impulsionam a inovação no mercado de seguros do Brasil

Iniciativas regulatórias e criação de sandbox contribuem para queda na taxa de mortalidade de startups



Insurtech
July 1, 2025

Por Valor Econômico
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Imagine ter o celular roubado, acionar o seguro e receber indenização na hora. Ou pagar o abastecimento do veículo com pontos ganhos da seguradora do seu carro. São exemplos de novidades trazidas por insurtechs, startups do setor de seguros. Segundo o estudo Latam Insurtech Journey, apoiado pela Mapfre, a América Latina tem 502 insurtechs, 206 delas no Brasil, onde o índice de mortalidade do segmento despencou de 12% para 7%. Esse desempenho foi apoiado por iniciativas regulatórias, como o funcionamento de intermediárias para oferecer e distribuir produtos em nome de seguradoras (MGAs) e a criação do sandbox para novatas testarem produtos.

O apoio de fundos de capital de risco (venture capital) também vem ganhando impulso no Brasil neste ano. Se em 2024 os aportes foram cerca de R$ 139 milhões, principalmente para empresas em estágio inicial, em 2025 o volume ultrapassou R$ 350 milhões só até maio, com reforço a empresas mais maduras, como a especialista em seguros de vida Azos e a operadora de saúde Alice.

A Azos já captou mais de R$ 250 milhões – sendo R$ 170 milhões em 2025. Opera como MGA em parceria com a Excelsior Seguros e a Swiss Re, tem mais de nove mil corretores parceiros e supera R$ 60 bilhões em capital segurado. Atendimento humano, emissão de apólices em até 30 segundos e meta de, até o fim do ano, pagar o sinistro em até sete dias após a sua abertura estão entre os diferenciais da insurtech, descreve o CEO Rafael Cló.

“Há retomada do interesse de seguradoras e do venture capital”, diz José Prado, presidente da Insurtech Brasil, organização de fomento do setor responsável pelos dados de investimentos. A Mapfre, por exemplo, tem parcerias com startups em 15 de seus 25 projetos de inovação, conta o diretor-geral de inovação e transformação, Hugo Assis. Já o grupo MAG criou a seguradora digital Simple2You no Sandbox Regulatório. “Serve como ensaio de novos modelos e tecnologias”, diz Leonardo Lourenço, diretor de marketing, comercial, tecnologia e operações do grupo.

A insurtech teve licença definitiva autorizada em 2024 e criou formato de pagamento por uso (pay-per-use) de seguros de acidentes pessoais, bicicleta, celular e residencial para cobrir, por exemplo, acidentes ocorridos em uma temporada de esporte radical. São cerca de 36 mil apólices emitidas até agora, com parceiros como Pluxxe (antiga Sodexo), cujo marketplace de benefícios a portadores de cartões oferece seguros de bicicleta ou celular, e Favela Holding, na iniciativa Favela Seguros, para venda de seguros de vida em favelas.

O estudo apoiado pela Mapfre destaca tendências como novos canais de distribuição, seguros embarcados em jornadas de compras de terceiros (embedded insurance) e crescimento de seguros de impacto social, para públicos como motoristas de aplicativos ou prestadores de serviços domésticos contratados por meio de plataformas de intermediação. Também inclui programas de bem-estar que integram saúde e prevenção e uso de inteligência artificial (IA), além de expansão do segmento de insurtechs que criam e vendem tecnologias.

A Pier é um exemplo de atuação em vários canais. Surgiu com seguro de celular em 2018 e três anos depois agregou automóvel, com vendas digitais diretas ou com parceiros – entre eles, influenciadores e revistas digitais, assistências técnicas ou revendas de automóveis. Os corretores foram incluídos no ano passado. Simplificação de processos e automação renderam o pagamento do primeiro seguro instantâneo do mundo. “Hoje 30% dos reembolsos de celular são pagos instantaneamente”, conta o CEO Igor Mascarenhas.

Para ajudar a baixar custos e preços, a infraestrutura tecnológica sustenta, por exemplo, avaliação diária da base de 150 mil clientes de seguro auto em busca de indícios de fraudes. A meta é ser uma empresa orquestrada por agentes de IA – o primeiro deles com nome próprio é o Pier Bolt, responsável por aprovação e transferência imediata. Neste ano, a receita da Pier deve passar dos R$ 200 milhões.

Outra que desponta em múltiplos canais é a argentina 123 Seguro. Nascida como comparador de preços e venda direta, que ainda responde por 50% do negócio, hoje opera também no Brasil, Chile, Colômbia e México e criou plataforma digital para habilitar empresas que queiram ter receita com seguros de automóvel, vida, prestamista, residencial ou acidentes pessoais. Uma delas é a Sky, em cuja plataforma o cliente pode comprar seguro auto. A seguradora Prudential, por sua vez, adotou a plataforma para criar nova linha de produtos massificados, exemplifica Marcelo Biasoli, CEO da 123 Seguro.

Já a 180 Seguros nasceu em 2020 para ajudar bancos a vender seguros. A ideia atraiu investimentos de R$ 221 milhões e resultou em receita de R$ 32 milhões em abril último. “A expectativa é alcançar R$ 450 milhões até o fim do ano”, comemora o CEO e cofundador Mauro D'Ancona.

A neo seguradora oferece seguros massificados, como residencial, prestamista ligado a crédito, vida e seguro de Pix para proteção de conta corrente, além de produtos empresariais como garantia estendida. As vendas ocorrem em jornada contextual, uma espécie de complemento a outros produtos ou serviços, por meio de parceiros como a plataforma imobiliária Loft, a cooperativa de crédito Ailos e a rede Loja do Mecânico. Os investimentos em IA suportam processos como regulação do sinistro simplificada, para pagamento em até três dias.

O estudo Latam Insurtech Journey estima que um terço dos investimentos das insurtechs seja direcionado a IA. A Justos, por exemplo, já tem cerca de 25 agentes de IA, capazes de tomar decisão e acionar processos automaticamente, e quer ter mais de 200 até o fim do ano. “Áreas como marketing terão organograma inteiro de agentes”, diz o CEO Dhaval Chadha.

A meta da insurtech, que obteve licença definitiva da Superintendência de Seguros Privados (Susep) em fevereiro, é oferecer seguros de automóvel acessíveis com apoio de dados. A precificação conta com a avaliação do comportamento do motorista por aplicativo de celular, que também rende pontos para troca em postos de combustível, entre outros. A tecnologia ajudou a facilitar processos. Um exemplo é a abertura de sinistros: pode ser feita por mensagem de voz no WhatsApp e, de cada dois casos, um é completado em menos de quatro minutos.

A 88i, voltada ao nicho de economia compartilhada, evolui na criação de agentes para automatizar processos como recepção e triagem dos sinistros, solicitação e análise de documentos, além de permitir o modelo “liga-desliga” para, por exemplo, cobrir motoristas de plataformas, atribuindo a responsabilidade à que está sendo usada em determinado momento. “Em 2024 registramos o primeiro ano com lucro”, comemora a sócia Rosilaine Sassarão Sena.

O foco em nichos é especialidade das insurtechs. A Bluecyber apostou em seguro cibernético para pequenas e médias empresas, com cobertura até R$ 100 mil. Opera como MGA da Sura e está avançando para empresas com até mil funcionários e cobertura de até R$ 15 milhões com distribuição apoiada por corretores e canais alternativos, de bancos e associações a fornecedores de antivírus, descreve o CEO Eduardo Rocha.

Já a Fitinsur ilustra o desempenho das fornecedoras de tecnologia. Nasceu em 2020 com plataforma de aplicativos para as principais funções e processos de uma seguradora e foi contratada pela inglesa Texel, corretora especializada em seguros de crédito. “Foi uma cliente-anjo”, diz a CEO Denise Oliveira. A Texel garantiu o lucro da insurtech e a levou à Bélgica, Singapura e Estados Unidos antes mesmo de atuar no Brasil. Hoje são oito clientes no total, incluindo marcas como Metlife.





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